quarta-feira, 15 de julho de 2015

Aprender a cuidar e ser cuidado

Hoje minha mãe me intimou a ir à aula de Yoga.
E apesar de eu ficar nervosa com meus horários e achar que posso sacrificar meu bem estar quando preciso estudar ou trabalhar, a verdade é que o nosso bem estar físico e mental é essencial para cumprir atividades diárias.
Eu gosto muito do método que a instrutora de Yoga aplica. Fazemos relaxamento, alongamento, meditação e exercícios, individuais ou em dupla, ou em trio! E quase sempre, ao final, um aluno ajuda o outro com massagem nas pernas e nas costas.

O ato de doar seu tempo, sua energia, se dedicar para fazer algo de bom por uma pessoa que você nunca viu antes, ou que nem sabe o nome, ou que não parou para conversar antes, é muito interessante. Por alguns momentos, você sai da sua bolha, do seu espaço pessoal, e se coloca no lugar do outro. Levando a tarefa a sério, o cuidar do outro faz parte do Yoga: “Como eu posso cuidar dele de forma eficiente? Em que lugar será que é mais necessário massagear?”.
                E aí, quando é sua vez de receber a massagem, você se concentra em relaxar a musculatura, respirar e permitir que alguém te toque, te cuide e te ajude. Saber receber é tão importante quanto saber doar.

Algumas pessoas chegam para a aula estressadas, querem fazer as posições com pressa, arrumam reclamaçoes e desculpas para não estarem conseguindo... E essas pessoas se beneficiam muito do Yoga. Yoga é ter paciência com os seus limites e se amar, se dar tempo e liberdade para aprender sobre o seu corpo. Uma pessoa que entra na aula com tanta agitação e estresse, e por alguns minutos de silêncio recebe o toque de cuidado de um desconhecido, e retribui. Eu acho que é essencial para a saúde mental essa gentileza silenciosa.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Achados e Perdidos

Há quem dê duas definições para infinito: aquilo que não se pode mensurar, ou aquilo que é desconhecido.
A vida é infinita. Ninguém sabe muito bem onde começa ou onde vai parar, e ninguém sabe explicar muito bem aquilo que ela contém.
O infinito dá medo e dá segurança. Você não sabe muito bem como vai ser seu futuro? Isso é bom: muitas possibilidades. Isso é ruim: você se sente perdido de tempos em tempos.
Qual é o sentido de todo o esforço feito, todas as atividades diárias? Para que vivemos? No final, o que significarão os anos perdidos?
O que aconteceu na sua vida por mérito exclusivamente seu? O que isso significa no contexto? Que contexto?
A vida, a sua vida, é um universo particular, que só você tem acesso (parcial) e que você não exerce controle total. Quanto pode ser desperdiçado?

Respirar, tomar um banho, ler um livro. Olhar-se no espelho. O que é tudo isso? Para que tudo isso? Pronto. Já é um mundo novo. Começamos tudo de novo, com o que restou.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Que Deus abençoe as nobres almas que aqui habitam


Hoje eu percorri alguns caminhos, escadarias, becos e entrei em alguns lares da comunidade do Cantagalo, em Copacabana. O primeiro pensamento, ao me deparar com aquele complexo populacional, foi esta frase: “que Deus abençoe as nobres almas que aqui habitam”.

Enquanto eu era guiada nos afazeres diários dos profissionais de saúde pública, que conhecem aquele lugar tão bem, eu me sentia transportada para outra realidade. Ruas que eu não precisava olhar antes de atravessar, porque eram apenas corredores e escadarias, simples. As casas têm as mais diversas proporções, conformações e arrumações.

Vi uma casa com santos católicos, vi uma casa com santos da Umbanda, vi uma casa sem santos, vi uma casa com uma vista para o Cristo, vi uma casa com vista para outra casa, vi, ainda uma casa sem vista.
Em todas as casas fui bem acolhida. Casas de pessoas que não merecem outra denominação além de “nobres”. Pois é nobre quem vive de forma humilde, quem supera as limitações e consegue conviver com até 4 pessoas em um cômodo dividido por cortinas. É nobre quem tem coragem de pedir ajuda com sinceridade.

Em um ambiente tão inóspito –  com criminalidade, abandono, desmazelo – recebi sorrisos, informações, paciência com a minha condição de aluna.

Em um ambiente tão enfermo e carente de cuidados, há famílias e pessoas que se amam e querem bem. Pessoas que não tiveram a oportunidade de perseguir seus sonhos de meninice, mas que não se amuaram com as asas cortadas. Aprenderam a trabalhar com o que podiam.

Sim, abençoe, Senhor, as nobres almas que ali habitam. Vítimas e algozes se misturam em todos os ambientes, mas sente-se um apego pela dignidade em cada pessoa de bem que ali cresceu, que não se sente em outros lugares da cidade Maravilhosa.

Há uma candura em ser simples que jamais poderá ser imitada ou fingida.


sábado, 10 de novembro de 2012

Doação e Caridade

Aprender que caridade vai além de doar seu lixo e entulho para os miseráveis é algo imperativo. Doação não é pra ser campanha. É pra ser postura diária. Hábito. 
A caridade é, essencialmente, empatia. E empatia é algo que o mundo precisa urgentemente.

Muito simples pegar roupas que você não deseja mais e pô-las numa sacola, sem zelo, sem lavá-las, passá-las, e entregá-las como o lixo que você as considera, para alguém por quem você não tem qualquer vínculo.

Difícil é o desapego pelo supérfluo, pelo excesso de cores e tecidos no guarda-roupa, excesso de vidros, cristais, móveis. Ou ainda não pensar que "cavalo dado não se olha os dentes". 

Entenda: doar/dar coisas não é só se livrar do seu lixo para que outros o reciclem. Doe coisas bonitas, doe coisas úteis, coisas de valor.
Doe seu tempo, sua energia, seu amor.
Doe sangue, doe medula, dê seu suor, sua educação e sua paciência.

E, principalmente, use seu cérebro. Inteligência e bom senso é uma caridade para todo mundo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Por baixo da casca


Um tempo atrás apareceu uma notícia sobre um menininho de 5 anos que ia para a escola de vestido, e o pai dele começou a andar de saia para dar apoio ao filho. De repente, começou uma onda de apoio a essa família. Muitos já concluindo que o garoto fosse homosexual, outros achando que roupa é uma coisa imposta pela sociedade e uma forma de escravização comportamental. 

Hoje eu estava vendo um programa sobre um homem obeso, tentando perder peso, e, no fim do programa, ele revela que o que o levou a essa situação de morbidez foi sua homossexualidade, pois ele nao sabia lidar com isso. Não queria ser julgado por uma coisa, então distorceu a própria imagem para se isolar.

Minha conclusão: na psicologia, na mente humana, nem sempre um charuto é só um charuto. Se seu filho/irmão/primo está gordo além do aceitável, não quer dizer que ele só ama gordura. Talvez ele tenha algum questionamento interior. Talvez seu filho esteja usando vestidos não porque seja gay, mas porque não gosta de calças, simplesmente. Ou então ele não gosta de ter sardas e quer desviar a atenção. Parem de concluir  coisas, e passem a questioná-las para entendê-las. O preconceito está até nas atitudes apressadamente libertadoras e radicais. O preconceito só pode deixar de existir quando a pessoa sai de si mesma para se colocar no lugar do outro. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Nem tudo nos convém

Algo que me incomoda é a quantidade de pessoas que se reúne para marchar, protestar, em nome da maconha, da vadia, do parto humanizado, de diversos assuntos em suma, que nos obriga a sentar e separar o joio do trigo.

 Sou plenamente a favor de que a mulher dê a luz onde lhe aprouver, desde que obedeça a princípios de higiene e segurança, o tal do bom senso. Sou a favor que derrubem o pensamento de que uma mulher seja culpada por ser estuprada, ao se vestir de forma provocante. Sou a favor da legalização da maconha e outras drogas e sua melhor fiscalização, para o único propósito de enfraquecer a indústria do tráfico.

 Entretanto, fico horrorizada com as passeatas e as frases que vejo em cartazes, correntes nas redes sociais e afins. Ao invés de pensamento pragmático, com vistas ao bem GERAL da população, vejo minorias buscando legitimar suas próprias falhas. Vejo mulheres não acostumadas a serem contrariadas, vejo mulheres que ignoram o senso de moda e bom gosto, vejo jovens que querem fumar maconha sem serem incomodados. Misturados, obviamente, às pessoas que estão protestando buscando uma sociedade mais justa.

Apesar de haver a liberdade de sair por aí em uma passeata até para pedir um tiro na testa, acredito que nem toda manifestação seja válida, sob o bordão de “pelo menos tá fazendo alguma coisa” ou “pelo menos tirei a bunda do sofá”. Se eu sair por aí com uma arma e atirar em todo mundo que eu considero um risco à sociedade, posso dizer a mesma coisa para o delegado, sem por isso estar justificada a minha ação. O que eu quero dizer, agora que já ofendi os leitores, é que é necessário estabelecer prioridades. É necessário matar um leão de cada vez, e é melhor que o primeiro leão seja ameaçador para TODOS. Como não há a mesma força e vivacidade para combater a alienação política? Por que ninguém sai por aí com cartazes informativos ao invés de palavrões?

 Porque a moda é ser amoral. A moda é se distanciar de toda a “moralidade imposta”, e dizer que a moralidade aprisiona. A moral é dinâmica, muda de face com o tempo, sim, mas o que vejo é que as pessoas estão querendo apressar essas mudanças, talvez com dificuldade em estabelecer os limites do próprio respeito e o respeito aos outros.

De repente, exigir qualquer limite a uma mulher no seu comportamento é machismo. De repente, exigir que as pessoas não consumam substâncias tóxicas e que financiam o crime se tornou uma norma engessada no tempo e arbitrária. De qualquer forma, é lícito sair e protestar sobre o que você quiser. O que o torna bom ou mau cidadão é a sua motivação, os seus princípios e objetivos. Agora que descobrimos (tardiamente) que existe a cidadania, vamos aprender como exercê-la com sabedoria. Não existem apenas cartazes, megafones, carros de som, gente pelada e pessoas invadindo ruas para se fazer ouvir. Uma coisa maravilhosa que existe, e funcionou muito bem para Gandhi, foi dar o exemplo de forma pacífica, mansa, humilde e elegante.